segunda-feira, 9 de julho de 2018

COM OU SEM HÍFEN?

O hífen trata-se de um sinal diacrítico (-) encontrado em vocábulos compostos. Na verdade, este traço permite que duas ou mais expressões produzam uma unidade semântica. Aplica-se, por exemplo, em alguns casos de pronomes, como para unir os enclíticos a verbos em que são complementos.  Com a nova Reforma Ortográfica o seu emprego poderá ocasionar dúvidas, pois ele foi um dos suportes, presentes na Língua, selecionado para tais alterações. Nessa perspectiva, é indispensável que nos familiarizemos, pelo menos, com algumas regras sobre o emprego adequado do hífen durante o processo de construção textual, porque há casos que permitem o seu uso e há outros que o negligenciam. O fato é que a nona reforma ocasionou o desaparecimento do sinal diante da estrutura de algumas palavras compostas.

De forma simples, o hífen é empregado no processo de separações silábicas: ca-sa, sus-ten-to.  É utilizado na ligação dos verbos a pronomes enclíticos e mesoclíticos e também na ligação desses pronomes ao vocábulo eis e aos pronomes nos e vos: entregá-lo, vê-la, ei-lo, no-lo. Nas palavras compostas com a ausência de elementos de ligação e que não perderam a noção de composição: amor-perfeito, guarda-chuva, para-choque, arco-íris. Contudo, deve-se ter demasiado cuidado com palavras como paraquedas e pontapé que não recebem hífen. Também o mesmo se aplica em palavras compostas que se derivam de nomes próprios de lugares: sul-americano, belo-horizonte.  O fenômeno acontece, também, em palavras compostas que expressam algo relativo a espécies botânicas e zoológicas: batata-doce, couve-flor, pimenta-do-reino, bem-te-vi.

Além desses, o sinal diacrítico serve para ligar termos que se combinam ocasionalmente e formam encadeamentos vocabulares, bem como diante de vocábulos compostos onde o segundo elemento inicia com a última vogal do primeiro e; nas palavras compostas a fim de ligar os prefixos aos elementos que se iniciam com a letra h: eixo Rio-São Paulo, micro-onda, contra-ataque, super-homem, anti-higiênico.

O sinal também é aplicado nos elementos precedidos de prefixos pós-, pré- e pró-; em vocábulos com antecedentes hipe-, inter- e super-, quando o segundo termo iniciar com a consoante r; diante de palavras começadas pelo prefixo ex-, dando sentido de condição anterior; em termos com antecedentes sota-, soto- e vice-, expressando ideia de substituição; nas expressões com prefixos sub- em que a ligação se dá graças às iniciais das letras b e r pertencentes ao segundo elemento. Eis alguns exemplos: pré-nupcial, pós-graduação, pró-americano; hiper-racional, inter-regional, super-real; ex-patroa, ex-aluno; soto-piloto, sota-ministro, vice-presidente; sub-bibliotecário, sub-rogação. É necessário lembrar, quanto a esses três últimos, que, caso o segundo termo seja introduzido pelo h, tal letra desaparecerá se fundindo ao prefixo com a ausência do hífen: subumano. Há mais caso em que se aplicam o “pequeno traço”. Tais quais: diante de palavras que se iniciem com o elemento sub, quando ligar-se a um segundo elemento introduzido por r; nas palavras com os prefixos circum- e pan ligados a um segundo fragmento que começa com as letras m, n ou vogal; prefixos como além, aquém, recém e sem; nos prefixos ab, ob, e ad, quando agregado a uma palavra inicializada por b, d ou r; nas expressões iniciada por mal-, ligados a um segundo elemento começado por vogal, l ou h; em palavras constituídas pelos sufixos -açu, -guaçu e -mirim, caso o primeiro elemento finalizar em vogal com acento ou se caso for exigido pela pronúncia; em expressões com o primeiro elemento bem, quando ligado a um segundo termo que tem existência independente na língua.


Para ficar claro o que fora enfatizado acima, convém citar alguns exemplos: sub-roda; circum-navegação, pan-americano; além-mar, aquém-fronteira, recém-nascido, sem-terra; ab-rogar, ob-reptício, ad-rogar; mal-estar, mal-lavado, mal-humorado; capim-açu, sabiá-guaçu, cajá-mirim; bem-vindo, bem-educado, exceto nos casos em que o prefixo bem aparece aglutinado por intermédio do segundo elemento: benfeitor, benquer.

Por outro lado, não é mister a utilização do hífen:
·     Diante de palavras compostas que já perderam a concepção de composição como em girassol, mandachuva, pontapé;
·   Onde os vocábulos apresentam expressão de ligação: dia a dia, ponto e vírgula, com exceções em água-de-colônia, pé-de-meia, mais-que-perfeito;
·   Perante palavras compostas quando o primeiro elemento acabar em letra distinta daquela com que se inicia o segundo elemento: autoajuda, antiaéreo, extraescolar;
·    Quando o prefixo finalizar com vogal, e o próximo elemento não inicializado por r ou s: anteprojeto, supermercado, autopeça. 

Seguindo a mesma linha, não se emprega o sinal diacrônico: em termos com os prefixos -co, -re, -pre e -pro; nos vocábulos iniciados pelos elementos des e in, porém, se o segundo elemento for principiado por h, tal letra desaparecerá; e na formação de palavras com não e quase. Diante de tudo isso, ressalta-se alguns exemplos: coadjuvante, coocupante, coabitação, coerdeiro, reabilitar, reescrever, preexistência, proação; desabitado, desnecessário, inexpressivo, infeliz; não agressão, quase delito.

Assim, com a introdução da nova Reforma Ortográfica, o processo de hifenização foi abolido na Língua Portuguesa. Isso é possível ser percebido em palavras como auto-retrato, anti-social, infra-som, contra-senso, supra-renal que, atualmente, são escritas sem o hífen, pois não se aplica mais o sinal com prefixos terminados em vogal seguidas de termos introduzidos por outra vogal. No entanto, caso o primeiro elemento terminar com r e o outro iniciar com a mesma letra, o hífen permanecerá: inter-regional, super-racional. O mesmo ocorre com aqueles terminados em vogal e inicializado com a mesma vogal: micro-ondas, anti-inflamatório, micro-ônibus, que, antes, não continha o sinal. Mas há, por exemplo, coordenação e cooperar que não se separam. As palavras como autoajuda, contraindicação, extraoficial, infraestrutura, semiárido, supraocular, em outrora, eram precedidas por hífen. Hoje, com a nova Reforma propriamente dita, no ano de 2009, acarretou tal ausência. E ainda, não se usa mais o mesmo em palavras compostas que acabou perdendo, pelo uso, a noção de composição: mandachuva, paraquedas.
Em síntese, com a Nova Reforma Ortográfica, houve algumas alterações na estrutura das palavras composta, fazendo com que o hífen fosse acrescentado em umas e tirado de outras. Além disso, as regras permitem, também, mostrar casos que são inadmissíveis o seu emprego, gerando dúvidas, devido a sua complexidade, na vida das pessoas que fazem o uso do sinal diacrítico na escrita.


                                   REFERÊNCIA 

Lopes, Karolina. Minimanual de gramática. – São Paulo: DCL 2010.




                                           EXERCÍCIOS

1) Assinale a opção correta quanto ao emprego do hífen.
a) dia-a-dia
b) gira-sol
c) micro-onda
d) ponta-pé

2) Assinale a opção em que o sinal diacrítico está sendo utilizado corretamente, de acordo com a nova Reforma Ortográfica:
a) Ana improvisou sua autocrítica nesta manhã.
b) Aquele menino foi maleducado com a professora.
c) Tomei um grande pontapé.
d) Pedro foi ao supermercado comprar legumes.

3) A respeito do emprego do hífen, em conformidade com o novo Acordo, assinale a opção incorreta:
a) Emprega-se o hífen diante de vocábulos compostos onde o segundo elemento se inicia com a última vogal do primeiro como em micro-onda e contra-ataque.
b) O hífen é utilizado nas palavras compostas a fim de ligar os prefixos aos elementos que se iniciam com a letra h como, por exemplo, super-homem e anti-higiênico.
c) Não é permitido usar o hífen em situação onde o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicializa o segundo elemento como em anteontem e extraescolar.
d) O uso do hífen nas palavras: batata-doce, couve-flor, pimenta-do-reino e bem-te-vi é incorreto, pois o mesmo não se aplica em palavras compostas que expressam algo relativo a espécies botânicas e zoológicas.

4) Observe atentamente as opções abaixo, e marque a opção incorreta:
a) segunda-feira
b) guarda-chuva
c) antissocial
d) pára-quedas

5) Qual das alternativas o sinal diacrítico, isto é, o hífen foi empregado inadequadamente?
a) infra-estrutura
b) microcomputador
c) contrassenso
d) sextas-feiras

6) A opção correta no que se refere ao emprego do hífen em conformidade com a nova Reforma é:
a) micro-ônibus
b) inter-estudantil
c) super-amigo
d) auto-ajuda

7) Acerca da nova Reforma, assinale a opção incorreta:
a) Emprega-se o hífen nos elementos precedidos de prefixos pós-, pré- e pró- como nos exemplos: pré-nupcial, pós-graduação, pró-americano.
b) O hífen é aplicado em vocábulos com antecedentes hiper-, inter- e super-, quando o segundo termo iniciar com a consoante r, conforme expresso em hiper-racional, inter-regional, super-real.
c) Tal sinal diacrítico é usado diante de palavras começadas pelo prefixo ex-, dando sentido de condição anterior, como em ex-patroa e ex-aluno.
d) Aplica o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento inicia por r ou s, consoante expresso em anti-racismo e contra-regra.

8) Assinale a opção em que há ocorrência inadequada quanto ao emprego do hífen.
a) A campanha pró‐leite foi confirmada.
b) O ex‐jogador fez a sua autodefesa.
c) O contrarregra degustou o contra‐filé.
d) A vida é um verdadeiro contrassenso.

9) Qual a opção em que o sinal diacrítico (-), não foi empregado de acordo com o novo Acordo?
a) Por meio do interfone João notificou bem‐humorado que faria uma superalimentação.
b) Naquele povoado há uma casa malassombrada.
c) Depois que Ana degustou a sobrecoxa, tomou um antiácido.
d) Aquele autodidata realizara uma autoanálise.

10) quanto ao emprego adequado do hífen, todas as alternativas estão corretas, exceto:
a) ultra-som
b) sobre-humano
c) super-homem
d) inter-regional 





                                 
                      GABARITO

1C
2B
3D
4D
5A
6A
7D
8C
9B
10A