O
hífen trata-se de um sinal diacrítico (-) encontrado em vocábulos compostos. Na
verdade, este traço permite que duas ou mais expressões produzam uma unidade
semântica. Aplica-se, por exemplo, em alguns casos de pronomes, como para unir
os enclíticos a verbos em que são complementos.
Com a nova Reforma Ortográfica o seu emprego poderá ocasionar dúvidas,
pois ele foi um dos suportes, presentes na Língua, selecionado para tais
alterações. Nessa perspectiva, é indispensável que nos familiarizemos, pelo
menos, com algumas regras sobre o emprego adequado do hífen durante o processo
de construção textual, porque há casos que permitem o seu uso e há outros que o
negligenciam. O fato é que a nona
reforma ocasionou o desaparecimento do sinal diante da estrutura de algumas
palavras compostas.
De
forma simples, o hífen é empregado no processo de separações silábicas: ca-sa, sus-ten-to. É utilizado na ligação dos verbos a pronomes enclíticos e mesoclíticos e também na ligação desses pronomes ao vocábulo eis e aos pronomes nos e vos: entregá-lo, vê-la,
ei-lo, no-lo. Nas palavras compostas com a ausência de elementos de ligação e
que não perderam a noção de composição: amor-perfeito, guarda-chuva,
para-choque, arco-íris. Contudo, deve-se ter demasiado cuidado com palavras como
paraquedas e pontapé que não recebem hífen. Também o mesmo se aplica em palavras
compostas que se derivam de nomes próprios de lugares: sul-americano,
belo-horizonte. O fenômeno acontece,
também, em palavras compostas que expressam algo relativo a espécies botânicas e zoológicas: batata-doce, couve-flor, pimenta-do-reino, bem-te-vi.
Além
desses, o sinal diacrítico serve para ligar termos que se combinam ocasionalmente
e formam encadeamentos vocabulares, bem como diante de vocábulos compostos onde
o segundo elemento inicia com a última vogal do primeiro e; nas palavras
compostas a fim de ligar os prefixos aos elementos que se iniciam com a letra h: eixo Rio-São Paulo, micro-onda,
contra-ataque, super-homem, anti-higiênico.
O
sinal também é aplicado nos elementos precedidos de prefixos pós-, pré- e pró-; em vocábulos com antecedentes hipe-, inter- e super-,
quando o segundo termo iniciar com a consoante r; diante de palavras começadas pelo prefixo ex-, dando sentido de condição
anterior; em termos com antecedentes sota-,
soto- e vice-, expressando ideia
de substituição; nas expressões com
prefixos sub- em que a ligação se dá
graças às iniciais das letras b e r pertencentes ao segundo elemento. Eis
alguns exemplos: pré-nupcial, pós-graduação, pró-americano; hiper-racional,
inter-regional, super-real; ex-patroa, ex-aluno; soto-piloto, sota-ministro,
vice-presidente; sub-bibliotecário, sub-rogação. É necessário lembrar, quanto a
esses três últimos, que, caso o segundo termo seja introduzido pelo h, tal letra desaparecerá se fundindo ao
prefixo com a ausência do hífen: subumano. Há mais caso em que se aplicam o
“pequeno traço”. Tais quais: diante de palavras que se iniciem com o elemento sub, quando ligar-se a um segundo
elemento introduzido por r; nas
palavras com os prefixos circum- e pan ligados a um segundo fragmento que
começa com as letras m, n ou vogal; prefixos como além, aquém, recém e sem; nos prefixos ab, ob, e ad, quando agregado a uma palavra
inicializada por b, d ou r;
nas expressões iniciada por mal-,
ligados a um segundo elemento começado por vogal,
l ou h; em palavras constituídas pelos sufixos -açu, -guaçu e -mirim, caso o primeiro elemento
finalizar em vogal com acento ou se caso for exigido pela pronúncia; em expressões
com o primeiro elemento bem, quando
ligado a um segundo termo que tem existência independente na língua.
Para
ficar claro o que fora enfatizado acima, convém citar alguns exemplos: sub-roda;
circum-navegação, pan-americano; além-mar, aquém-fronteira, recém-nascido,
sem-terra; ab-rogar, ob-reptício, ad-rogar; mal-estar, mal-lavado,
mal-humorado; capim-açu, sabiá-guaçu, cajá-mirim; bem-vindo, bem-educado,
exceto nos casos em que o prefixo bem aparece
aglutinado por intermédio do segundo
elemento: benfeitor, benquer.
Por
outro lado, não é mister a utilização do hífen:
· Diante de palavras compostas que já perderam
a concepção de composição como em girassol,
mandachuva, pontapé;
· Onde
os vocábulos apresentam expressão de
ligação: dia a dia, ponto e vírgula, com exceções em água-de-colônia, pé-de-meia,
mais-que-perfeito;
· Perante palavras compostas quando o primeiro
elemento acabar em letra distinta daquela com que se inicia o segundo elemento:
autoajuda, antiaéreo, extraescolar;
· Quando o prefixo finalizar com vogal, e o
próximo elemento não inicializado por r
ou s: anteprojeto, supermercado,
autopeça.
Seguindo a mesma linha, não se emprega o
sinal diacrônico: em termos com os prefixos -co,
-re, -pre e -pro; nos vocábulos
iniciados pelos elementos des e in, porém, se o segundo elemento for principiado
por h, tal letra desaparecerá; e na
formação de palavras com não e quase. Diante de tudo isso, ressalta-se alguns
exemplos: coadjuvante, coocupante, coabitação, coerdeiro, reabilitar,
reescrever, preexistência, proação; desabitado, desnecessário, inexpressivo,
infeliz; não agressão, quase delito.
Assim,
com a introdução da nova Reforma Ortográfica, o processo de hifenização foi
abolido na Língua Portuguesa. Isso é possível ser percebido em palavras como auto-retrato, anti-social, infra-som, contra-senso, supra-renal que, atualmente, são escritas sem o hífen, pois não se aplica
mais o sinal com prefixos terminados em vogal seguidas de termos introduzidos
por outra vogal. No entanto, caso o primeiro elemento terminar com r e o outro iniciar com a mesma letra, o
hífen permanecerá: inter-regional, super-racional. O mesmo ocorre com aqueles
terminados em vogal e inicializado com a mesma vogal: micro-ondas,
anti-inflamatório, micro-ônibus, que, antes, não continha o sinal. Mas há, por
exemplo, coordenação e cooperar que não se separam. As palavras
como autoajuda, contraindicação,
extraoficial, infraestrutura, semiárido, supraocular, em outrora, eram
precedidas por hífen. Hoje, com a nova Reforma propriamente dita, no ano de
2009, acarretou tal ausência. E ainda, não se usa mais o mesmo em palavras
compostas que acabou perdendo, pelo uso, a noção de composição: mandachuva, paraquedas.
Em
síntese, com a Nova Reforma Ortográfica, houve algumas alterações na estrutura
das palavras composta, fazendo com que o hífen fosse acrescentado em umas e
tirado de outras. Além disso, as regras permitem, também, mostrar casos que são
inadmissíveis o seu emprego, gerando dúvidas, devido a sua complexidade, na
vida das pessoas que fazem o uso do sinal diacrítico na escrita.
REFERÊNCIA
EXERCÍCIOS
1)
Assinale a opção correta quanto ao emprego do hífen.
a)
dia-a-dia
b)
gira-sol
c)
micro-onda
d)
ponta-pé
2) Assinale a opção em que o sinal
diacrítico está sendo utilizado corretamente, de acordo com a nova Reforma
Ortográfica:
a) Ana improvisou sua auto‐crítica nesta manhã.
b) Aquele menino foi mal‐educado com a professora.
c) Tomei um grande ponta‐pé.
d) Pedro foi ao super‐mercado comprar legumes.
3) A respeito do emprego do hífen, em conformidade
com o novo Acordo, assinale a opção incorreta:
a) Emprega-se o hífen diante de vocábulos
compostos onde o segundo elemento se inicia com a última vogal do primeiro como
em micro-onda e contra-ataque.
b) O hífen é utilizado nas palavras compostas
a fim de ligar os prefixos aos elementos que se iniciam com a letra h como, por exemplo, super-homem e anti-higiênico.
c) Não é permitido usar o hífen em situação
onde o prefixo termina em vogal diferente da vogal com que se inicializa o
segundo elemento como em anteontem e extraescolar.
d) O uso do hífen nas palavras: batata-doce,
couve-flor, pimenta-do-reino e bem-te-vi é incorreto, pois o mesmo não se
aplica em palavras compostas que expressam algo relativo a espécies botânicas e zoológicas.
4) Observe atentamente as opções
abaixo, e marque a opção incorreta:
a) segunda-feira
b) guarda-chuva
c) antissocial
d) pára-quedas
5) Qual das alternativas o sinal
diacrítico, isto é, o hífen foi empregado inadequadamente?
a)
infra-estrutura
b)
microcomputador
c)
contrassenso
d)
sextas-feiras
6) A
opção correta no que se refere ao emprego do hífen em conformidade com a nova
Reforma é:
a)
micro-ônibus
b)
inter-estudantil
c)
super-amigo
d)
auto-ajuda
7) Acerca
da nova Reforma, assinale a opção incorreta:
a)
Emprega-se o hífen nos elementos precedidos de prefixos pós-, pré- e pró- como
nos exemplos: pré-nupcial, pós-graduação, pró-americano.
b) O
hífen é aplicado em vocábulos com antecedentes hiper-, inter- e super-,
quando o segundo termo iniciar com a consoante r, conforme expresso em hiper-racional, inter-regional, super-real.
c)
Tal sinal diacrítico é usado diante de palavras começadas pelo prefixo ex-, dando sentido de condição anterior, como em ex-patroa e
ex-aluno.
d) Aplica
o hífen quando o prefixo termina em vogal e o segundo elemento inicia por r ou
s, consoante expresso em anti-racismo e contra-regra.
8) Assinale a opção em que há
ocorrência inadequada quanto ao emprego do hífen.
a) A campanha pró‐leite foi confirmada.
b) O ex‐jogador fez a sua autodefesa.
c) O contrarregra degustou o contra‐filé.
d) A vida é um verdadeiro contrassenso.
9) Qual a opção em que o sinal diacrítico (-), não foi
empregado de acordo com o novo Acordo?
a) Por
meio do interfone João notificou bem‐humorado que faria uma superalimentação.
b)
Naquele povoado há uma casa malassombrada.
c)
Depois que Ana degustou a sobrecoxa, tomou um antiácido.
d)
Aquele autodidata realizara uma autoanálise.
10) quanto
ao emprego adequado do hífen, todas as alternativas estão corretas, exceto:
a) ultra-som
b) sobre-humano
c) super-homem
d) inter-regional
GABARITO
1C
2B
3D
4D
5A
6A
7D
8C
9B
10A